sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Entrevista a Liliana Castro


       Liliana Castro, 25 anos, canta e encanta por esses palcos fora. A vocalista natural de Coimbra ama a vida, e a sua irmã e o Willy enchem-lhe o coração todos os dias. Simpática e de sorriso fácil, esta jovem adora cantar,  fazer desporto e tem o sonho de ir à Disneylândia
 
 
     O que leva a alguém a tirar mestrado em psicocriminologia como tu estás a fazer?

          Sempre me fascinou a área da psicologia. Na altura que concorri para a Universidade coloquei psicologia como terceira opção, pois pensava que não teria futuro a nível profissional quando terminasse a licenciatura. No entanto, finalizei o meu percurso académico como Intérprete de Língua Gestual Portuguesa e infelizmente nunca exerci esta profissão. Por isso, o conselho que dou é mesmo o de seguirem os vossos sonhos e aquilo que gostam… e foi isso que fiz ao ingressar neste mestrado.



 

 
           
Como te sentes a cantar para centenas de pessoas?
          
           É ótimo! Uma sensação indiscritível. Há sempre aquele nervoso inicial, mas a partir do momento em que piso o palco isso desaparece momentaneamente. É um carinho sincero que recebo no meu coração e que levo comigo para sempre, recordando aquela ternura, os olhares doces/amargos (pois não agradamos a todos) que por breves minutos me fazem sonhar.
 
 

 


Qual o espetáculo que deste, que mais te entusiasmou e onde foi?

 

          Ui… Não tenho nenhum específico, pois todos eles são diferentes. Mas, lembro-me que com a minha primeira banda (Notas Soltas), demos alguns concertos que me ficarão na lembrança, como o de Vilarinho (Lousã) e na feira anual de São João na Lousã.

    Com o Kremlin havia dois locais sagrados (pelo menos para mim) que amava tocar pela envolvência do público que tínhamos. Um deles era em Figueiró do Campo (Soure) e o outro em Sarzedo (Arganil). Ainda hoje, quando recordo bate uma saudade imensa.
 
 

 

Como te descreves, quem é a Liliana Castro?

           Isso é sempre uma pergunta bicuda pois é sempre difícil fazermos a nossa própria avaliação, mas vou tentar. A Liliana é uma mulher muito bem-disposta, simpática, sonhadora, lutadora. Mas, sou muito teimosa e por vezes não entendo a complexidade emocional de algumas pessoas. Sou muito independente, mas ao mesmo tempo não gosto de estar sozinha. Não me entrego facilmente à amizade nem ao amor e sou muito insegura. Sou extremamente ligada à minha família, são a minha razão de viver. Tenho um sorriso fácil, mesmo da minha natureza, mas que muitas vezes esconde a profundeza de muitas tristezas.

              

 

 
A quem contas primeiro as tuas alegrias ou as tuas tristezas?
 
 

 
               À minha irmã… Sem dúvida alguma. A minha irmã sabe tudo da minha vida, amo-a incondicionalmente. Não preciso dizer que estou mal ou que preciso de alguma coisa que ela percebe logo. Preciso sempre da opinião dela para me sentir segura a dar um passo nas minhas decisões. A nossa união para além de amizade, tem os laços mais profundos: os de amor, de família, de sangue e irmandade. Enfim… é a minha vida!



 

 
       Se pudesses o que mudavas no mundo?
 
 

              A pobreza e os maus tratos infantis e a animais. Revolta-me o mau trato animal e infantil por serem dos seres mais puros e doces ao cimo da terra. Há pessoas que realmente não nascem para serem pais nem para terem um animal ao seu lado. Para além disso, custa-me ver histórias de pobreza, de pessoas cheias de sonhos que são desfeitos pelas vicissitudes da vida. Crianças de olhos brilhantes que anseiam ter uma simples boneca ou um mero carrinho, mas que acabam por viver na plenitude da inocência… a inocência da infância. Penso que são as situações que mais me tocam e que me fazem parecer que a vida é errada e injusta.

 

 

Sei que praticas crossfit, que cuidados tens com o teu corpo?
 
 

         Eu sou fã de desporto, preciso disso para me alimentar a vida, a minha alegria e a minha energia. O Crossfit é o novo “vício” que me tem vindo a preencher. É um desafio contínuo só para amantes de desporto. Se tivesse mais tempo ainda fazia mais. Cuidados com o corpo? Tenho bastantes! Tenho cuidado essencialmente com a alimentação, por questões de bem-estar e saúde. Não como hidratos de carbono à noite, não como pão, como cozidos e grelhados e muitos legumes. Não sou obcecada, simplesmente é o meu único vício e pelo menos saudável.


Cantora, ginásio, dois trabalhos a part-time, animais, como há tempo para isto tudo?  

            É uma questão de organização. Já não vivo sem agenda, mas se gerirmos bem o nosso tempo é tudo muito mais fácil. Tenho tempo de ter os dois trabalhos, ir ao ginásio, dar mimo ao meu cão, estar com a minha família e lá no meio ainda consigo estar com os meus amigos. É óbvio que há poucas ou quase nenhumas “noitadas”, há menos tempo para mim, mas são opções/escolhas que se fazem, com a perspectiva de ter, quiçá, um futuro mais desafogado.

 

 
 
Qual o momento mais feliz na tua vida?
 
 
       Isso é uma pergunta muito cruel porque não tenho na minha vida um único momento feliz… Felizmente tenho imensos momentos felizes com os que amo. A minha afilhada enche-me o coração com toda a alegria contagiante que a caracteriza, a minha irmã é a minha alma-gêmea, logo por aí temos momentos de uma cumplicidade tal capaz de ser descrita. Os meus pais são os meus amores, um amor insubstituível e inquestionável que basta um olhar, um abraço para perceber o quão significante sou na vida deles. E é tão bom quando sinto que sou o orgulho deles! O meu cão que está sempre feliz por me ver quando chego a casa e me enche de “beijinhos” e pinotes, tal “cão a pilhas”. Tenho os meus amigos de sempre que, embora nem todos estejam perto, estão presentes na minha vida de qualquer forma. Depois, tenho os momentos na música e no ginásio, onde abro a minha alma e o meu coração e descarrego todas as minhas energias. Resumindo: Sou uma pessoa feliz, embora com sonhos por completar, mas com um coração cheio para dar a quem mais amo… E é tão bom dar amor, distribuir sorrisos e abraços àqueles que nunca nos viram as costas…
 
 

 
 Que gostavas de fazer na vida que ainda não fizeste?
      
             Como disse anteriormente sou uma sonhadora nata e estou continuamente a idealizar “mundos ideais” na minha cabeça. Mas, adorava ir à Disneylândia Paris… Todos temos uma criança dentro de nós e a minha estará sempre acesa J
Para além disso, adorava ter um mini cooper e finalizar o meu mestrado. Todo o resto sou eu que terei de conquistar durante o meu percurso de vida… Como a felicidade, realização profissional… Nós é que construímos os nossos estados de espírito e a nossa vida futura.

 

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Entrevista a João Ferreira


 
  João Ferreira, 37 anos , membro da claque da Académica "Mancha Negra" . Um apaixonado pelo seu clube, pela sua cidade, pela vida. Simples, pacato, sincero e tranquilo (quando não está a ver a Académica jogar). Uma mistura explosiva, entre a serenidade do quotidiano e os 90 minutos de um jogo da Académica onde tranquilidade ė sentimento impossível.






     Explica-nos essa paixão pela Académica, como começou?


  A paixão pela Académica começou por volta dos 5 anos, quando comecei a ir ao velhinho calhabé com o meu pai ver os jogos, no tempo dos jogos ao domingo à tarde com estádios cheios. Cresci a ver a Académica, é o meu clube.



    Quem é o João Ferreira, como te descreves?


  É sempre difícil para mim me descrever, mas talvez uma pessoa calma, reservada, verdadeira, que gosta muito de passar despercebida, que detesta falsidade e hipocrisia.

 
 
 
      Sei que tens uma paixão também pelos automóveis, quais pedias que te oferecessem?
 
  Sim adoro carros, e a minha marca de sonho é a Aston Martin, por mim podia ser qualquer dessa marca. O meu preferido talvez o vantage s.
 
 
 
 
       Tens muito jeito para fazer belos pratos, quais as tuas especialidades?
 
 
  A cozinha surgiu à pouco tempo, estimulado pela namorada, descobri este talento escondido, a minha especialidade? Talvez o risoto de cogumelos Portobello, fica sempre bom ou a açorda de camarão. Mas ainda me falta experimentar os doces.

 
 
 
   Qual o momento mais marcante para ti a ver a tua Académica a jogar?
 
 
   Sem duvida a vitória na taça de Portugal com o Sporting, foi um dia inesquecível ,o sonho de vida concretizado, nem consegui ver os últimos minutos, já chorava, não respirava foi um sufoco, mas quando acabou foi uma explosão de alegria, ainda hoje me arrepio ao ver imagens desse dia. Outro a ida a Madrid com o Atlético para a liga Europa, desde a véspera até ao regresso foram 3 dias em que dormi umas 5 horas, só queria era aproveitar cada momento, e também vão ficar na memória. E claro a subida de divisão com o Estoril em Coimbra, depois de 10 anos na 2ª divisão foi uma grande alegria esse regresso à 1ª divisão.

 
 
 
     Conta-nos um ou dois episódios caricatos vividos por ti pela mancha negra?
 
 
   Um que me lembro sempre foi numa ida a santo Tirso no carro do nosso presidente J.P. à passagem pelo porto o meu amigo João Francisco se lembrou de por o cachecol de fora para marcar a nossa passagem, quando de repente o cachecol voou pela janela, tivemos de parar o carro simular uma avaria e esperar uns 20 minutos que ele fosse a pé auto estrada fora procurar o cachecol, mas recuperou o e la seguimos viagem e ganhamos o jogo. Também recordo uma ida a Aveiro de comboio em que no regresso apanhamos boleia no autocarro da equipa. Enfim são tantos, em todas as viagens há historias para contar.

 
 
 
 
 
      Qual o estádio mais bonito onde já foste ver um jogo de futebol?
  

  Para mim e apesar de precisar de ser recuperado e ser antigo o mais bonito foi o estádio nacional, achei lindo. Outro que gosto muito por achar que seria o ideal para a Académica, o do Gil Vicente, à inglesa com bancadas em cima do relvado, e muito bonito por fora, acho excelente.




     Como é fazer parte da claque da Académica “Mancha Negra”?
  

  É fazer parte de uma família, passei lá os melhores momentos da minha vida, é uma claque com um espírito incrível, diferente, original, da qual tenho muito orgulho de pertencer.

 
 
 
 
  Quem eram os teus melhores amigos de infância? Como se divertiam?
 

  Eram alguns colegas de escola e vizinhos da minha rua, e tínhamos as brincadeiras normais daquela altura, jogar á bola na rua até não haver luz, andar de bicicleta, enfim andar à vontade na rua sem perigos, algo que se perdeu infelizmente.

 
 
 
 
 Se pudesses o que mudavas na tua vida?
  

  Acho que não mudava nada, as coisas são como são, se a vida tivesse um guião não tinha piada nenhuma, fiz asneiras e cometi erros como toda a gente, mas sempre tentei ser a melhor pessoa possível, e voltar a trás e mudar era fazer batota, vivo um dia de cada vez, e no fundo dentro do possível acho que tenho sido feliz e tenho tido uma vida boa.



 
   Ser de Coimbra é ser diferente? Como é viver em Coimbra?


  Para mim ser de Coimbra é ser especial e diferente.É uma cidade única e com um encanto especial, como diz o fado na hora da despedida mas não só tem sempre esse encanto. É a minha cidade.
 

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Entrevista a Nuno Couto

   Nuno Couto, 38 anos um Ereirense que vive a sua terra intensamente. Saudades do passado, novos desejos e ideias para o futuro, é aquilo que nos transmitiu um jovem que muito deu e muito mais gostaria de dar à sua terra de sempre. Barbeiro de profissão, amor já muito antigo e que conseguiu concretizar com muito empenho e dedicação.

 
 
 
 
 
Como foi na tua juventude, gerir e ensaiar um grupo com dezenas de jovens e apresentar com eles espetáculos de grande qualidade, baseado no programa de grande sucesso na altura "Chuva de Estrelas"?

  Foi fácil e ao mesmo tempo especial. Fácil porque tive a sorte de apanhar um grupo de jovens, para mim a geração de ouro da Ereira, que tornavam tudo fácil. É fácil lembrar jovens que começaram a cantar na altura, (não quero falar em nomes para não correr riscos de esquecer alguém) hoje são verdadeiros sucessos. Especial porque foram momentos únicos que me deixam saudades e cheio de orgulho.
 
 
 
 
O que recordas com mais saudade desses tempos?
 
 
  É difícil recordar um momento em particular mas os espetáculos eram momentos únicos, o nervosismo a ansiedade a duvida se não falhava nada, mas não posso esquecer aquele momento em que um ciclista caía várias vezes na volta em bicicleta, que por sinal eras tu, ou o Cláudio e a Filipa a cantarem ao vivo pela primeira vez em palco são momentos que não se esquecem facilmente.
 
 
 

Quem eram os teus melhores amigos de infância?
 
 
  Os meus vizinhos, colegas de escola , não consigo individualizar um em particular, a não ser claro o meu irmão.
 
 
 
 
O que querias ser quando fosses grande?
 
 
Sempre tive uma grande vontade de ser Barbeiro e felizmente consegui.

 
 
 
Guarda-redes, massagista, dançarino, conta-nos como estas experiências vão aparecendo na tua vida?
 
 
 
  Ó Tiago Guarda-redes não ofendas os verdadeiros Guarda-redes, nos tempos de escola de um modo geral só jogava em duas situações ou porque eram poucos, ou era eu o dono da bola. Nos nossos jogos de segunda feira à noite é que sugeriram que eu ocupasse esse lugar, penso que era para não os atrapalhar. Dançarino sempre gostei de folclore estive ligado ao folclore dos 6 anos até aos 30 anos. Massagista lembras-te com certeza que também estive ligado ao futebol feminino, nessa altura quando havia lesões nas atletas recorria a amigos que conhecia da Naval, e fui-me interessando pela massagem, achava interessante o simples facto de só com as mãos conseguires tratar algumas lesões nesse aspeto devo agradecer ao Luís Pinto e a um grande amigo que já não esta entre nós o Bispo, tudo o que me ensinaram pois apesar de ter tirado o curso foi com eles que aprendi muita coisa.
 
 

 
Quem é hoje o Nuno Couto, como te descreves?
 
 
  Posso dizer que sou um homem bastante feliz, trabalho na profissão que gosto tenho uma mulher e um filho que Amo bastante e que em conjunto com a minha restante família, acho que me posso sentir feliz.
 
 

 
O que significa para ti hoje em dia, o folclore?
 
 
  O folclore é e sempre foi uma forma de recordar os usos e costumes das regiões, só assim ainda hoje recordamos muitas canções, danças, festas. Na Ereira devemos orgulhar-nos do nosso rancho. 
 
 
 
 
Como chegaste à profissão de barbeiro?
 
 
  Como já disse sempre foi uma profissão que gostei, em pequeno quando ia com a minha mãe á Figueira da Foz fascinava-me ver o meu “Tio Lapa” a trabalhar com os seus clientes. Mais tarde surgiu a oportunidade de aprender, o meu Tio vinha á Ereira para ensinar o meu primo Gonçalo, o Óscar e o meu irmão e eu pedi-lhe também para aprender, depois comecei a trabalhar na Figueira com o Nosso amigo Fernando Cação, com o Fernando trabalhei durante 20 anos, hoje estou num salão na Tocha “Barbearia Couto”.
 

 
 
Qual foi cliente mais exigente que já te apareceu e como foi a situação?
 
 
 
  Não foi uma questão de exigência, mas a situação engraçada para mim foi num festival de penteados em que participei, o modelo com que eu estava a trabalhar já era meu cliente à anos, eu tinha feito aquele corte inúmeras vezes, mas naquele dia tremia parecia uma vara verde.
 
 

 
Hoje em dia quem são as pessoas mais importantes na tua vida?
 
 
 
  Sem dúvida o meu filho a minha mulher e a minha família.

 
 
 
 
Sempre foste muito defensor da tua terra, patriótico, apoiante dos costumes culturais, se te dessem oportunidade o que gostavas de organizar na Ereira?

 
 
    Sem duvida tenho pena do nosso teatro estar penso eu, um pouco desativado.

 
 
 
 
Conta-nos uma situação caricata que te tenha acontecido na infância?
 
 
 
  Tantas, mas tive uma situação nas nossas cheias, no caminho para o campo de futebol havia as valas que delimitavam o caminho, tive azar a água subiu não tive isso em atenção, tive um mergulho inesperado. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Entrevista a Tiago Mota



  Tiago Mota, 32 anos, Comissário de bordo, um amigo extraordinário, com uma capacidade fantástica de deixar toda a gente à sua volta bem disposta. De riso fácil e sincero, das pessoas mais divertidas e espontâneas que tive o prazer de conhecer.
  Foi jogador de futebol em clubes como Naval, Boavista, Benfica Castelo Branco , Idanhense, Orvalho, Oleiros e Águias do Moradal, momentos que guarda no coração com saudade.

  


     Como foi a tua infância, o que gostavas de fazer?
   A minha infância foi fantástica! Foi uma infância sempre feliz, sem grandes sobressaltos, com as traquinices normais da idade, como qualquer criança. Gostava de brincar com os meus amigos, jogar futebol, andar de bicicleta.



     Jogaste nas camadas jovens da Naval e nos séniores no Benfica Castelo Branco, tens saudades desses momentos?

   Tenho imensas saudades desses tempos. Tenho saudades do mais pequeno pormenor que te possa ocorrer. Desde passar graxa nas botas, ao cheiro do balneário, ao equipar, à pequena superstição (que praticamente todos os jogadores tem uma), as viagens de autocarro antes dos jogos de fones nos ouvidos, sempre a ouvir as músicas preferidas, que me motivavam para o jogo.... Enfim... Saudades de tudo um pouco... Digo mesmo, saudades de muita coisa!
 


      Como é a vida de um comissário de bordo?

   Esta é uma pergunta que desperta muita curiosidade nas pessoas! Cada um é como cada qual, e a minha opinião acerca desta profissão pode divergir da opinião de alguns dos meus colegas, mas para mim ser comissário de bordo é uma experiência enriquecedora a nível cultural principalmente! Já foi considerada uma profissão glamorosa, mas nos dias que correm já não é tanto. Apesar de estarmos sempre rodeado de pessoas, é uma profissão extremamente solitária. Passo pouco tempo em casa, o que me faz sentir falta por vezes do meu cantinho. É morar no mundo, em quartos de hotéis, e passar de vez em quando por casa! Não tenho horários fixos, o que muitas vezes me leva a acordar às 2h da manhã, outras vezes as 14h da tarde e outras vezes passar a noite em claro a trabalhar. Ou seja, não consegues criar rotinas na tua vida. Quando estás de folga, a tua família e os teus amigos, as pessoas que te conhecem realmente bem e com quem te sentes bem, estão a trabalhar, uma vez que só temos folgas ao fim de semana, de 7 em 7 semanas! Por outro lado, acabas por conhecer muitas cidades, diferentes culturas o que torna esta profissão enriquecedora como referi anteriormente. Ser comissário é transformar o medo em tranquilidade, mostrar segurança ao desconhecido, receber o estranho como um velho amigo, irradiar sorrisos sem receber nada em troca. Também é ser psicólogo, enfermeiro é muitas vezes não ter natais e aniversários em casa tal como outras datas importantes... Mas acima de tudo, é ter muita paciência.


     Estás sempre a viajar de um local para outro, como é essa experiência?

   É uma experiência engraçada, às 6h estás em Lisboa, às 9h em Paris, às 12h em Lisboa outra vez, e poderás jantar em Roma no mesmo dia ou noutra cidade qualquer! Mas também é possível partir 5 dias, saltando de país em país durante esses 5 dias sem nunca ter tirado roupa da mala para além do belo pijama. São as ditas "rotações do pijama" em que se voa 10 horas por dia e descansa-se 12h no hotel.
 

     Qual o local mais bonito que já visitaste?

  Esta é uma pergunta difícil, mas para os locais que voamos, diria talvez Roma. É uma cidade que te remete para os tempos dos gladiadores. É uma cidade carregada de história. Mas temos uma cidade lindíssima bem perto: Lisboa!
 
     
Como é o Tiago hoje em dia? Como te descreves?

 Eu hoje em dia sinto que sou um Homem mais maduro, mais responsável, mais tranquilo, com objectivos de vida definidos. Sou mais paciente e tolerante.


       Nos poucos tempos livres que tens o que gostas de fazer?

    Perguntas e bem, os poucos tempos que tenho livre são difíceis de gerir mas tento tratar de assuntos que ficam pendentes porque estou ausente e que só podem ser resolvidos com a nossa presença. Dou prioridade à minha família, seguem-se os amigos e quando sobra algum tempo, relaxo e descanso.
 
   Quem são os teus ídolos?

  Posso dizer que não tenho ídolos famosos! Os meus ídolos sem dúvida que são os meus pais e o meu irmão!


      Em questões de família, como te vês daqui a uns dez anos?

   Sou um pouco convencional no que toca à família! Eu idealizo uma família grande, com 3 ou mais filhos. Idealizo a felicidade no seio da família que criei e farei crescer. Daqui a 10 anos possivelmente estarei casado já com 3 filhos. Seria o ideal, apesar da minha profissão não ser fácil de conciliar com a família. Mas com esforço e dedicação consegue-se tudo!
 

    Quem te conhece diz que estás sempre com um sorriso na cara, sempre bem-disposto, como se consegue isso?

 ahahahah... Sim é verdade... Ou pelo menos também é o feedback que recebo das pessoas. Mesmo as que não me conhecem bem, mesmo dentro do avião as pessoas me dizem isso. Sou uma pessoa como todas as outras, também tenho os meus dias menos bons, mas as pessoas com quem nos cruzamos na rua não têm culpa disso, e sempre ouvi dizer que um sorriso pode salvar uma vida. Fico feliz por acordar e estar vivo! Logo aí, é meio caminho andado para ter um sorriso na cara. Depois, no dia à dia, tens situações em que um sorriso desbloqueia um possível problema. Mas acredita que me surge naturalmente, sem esforço!  Muitas vezes com um sorriso consegues arrancar outro sorriso a um rosto mal disposto!


     Pequeno-almoço em Paris, almoço no Rio de Janeiro ou jantar no Mónaco?

   Entre estas 3 opções, escolho o pequeno almoço em Paris. Talvez por todo o romantismo inerente a essa cidade!
 

      Conta-nos a situação mais caricata que tenhas vivido na Ereira com os teus amigos de infância.

 ui ui ui... Tenho algumas! Mas há uma inesquecível, que se passou com o Pedro Martinho e o irmão.
Estávamos no armazém deles e o Vítor desafiou-nos para uma corrida de moto. Ele na altura tinha uma casal duas e eu uma casal quatro com a particularidade de andar a escape livre. Começámos a corrida e o Vitor distanciou-se logo no início, uma vez que ia sozinho e eu levava o Pedro. O Vitor decide meter-se por um carreiro onde andavam umas vacas a pastar presas com umas cordas pelos cornos. O Vitor passou bem pelas vacas, eu e o Pedro, que vínhamos na fantástica casal 4 a escape livre tivemos azar. Lembro-me do Pedro gritar várias vezes, "cuidado com a vaca!" Quando passámos, a vaca assustou-se com o barulho da mota e tentou fugir, esticando a corda na altura exacta em que passávamos. A corda prende por baixo do farol, e claro está fomos ao chão. Eu e o Pedro não nos magoámos. A mota ficou com o farol torcido e quando olhámos para a pobre da vaca, estava com um corno partido.