Tiago Mota, 32 anos, Comissário de bordo, um amigo extraordinário, com uma capacidade fantástica de deixar toda a gente à sua volta bem disposta. De riso fácil e sincero, das pessoas mais divertidas e espontâneas que tive o prazer de conhecer.
Foi jogador de futebol em clubes como Naval, Boavista, Benfica Castelo Branco , Idanhense, Orvalho, Oleiros e Águias do Moradal, momentos que guarda no coração com saudade.
Como foi a tua infância, o que gostavas de
fazer?
A minha infância foi fantástica! Foi uma infância sempre feliz, sem grandes sobressaltos, com as traquinices normais da idade, como qualquer criança. Gostava de brincar com os meus amigos, jogar futebol, andar de bicicleta.
Jogaste nas camadas jovens da Naval e nos
séniores no Benfica Castelo Branco, tens saudades desses momentos?
Tenho imensas saudades desses tempos. Tenho saudades do mais pequeno pormenor que te possa ocorrer. Desde passar graxa nas botas, ao cheiro do balneário, ao equipar, à pequena superstição (que praticamente todos os jogadores tem uma), as viagens de autocarro antes dos jogos de fones nos ouvidos, sempre a ouvir as músicas preferidas, que me motivavam para o jogo.... Enfim... Saudades de tudo um pouco... Digo mesmo, saudades de muita coisa!
Como é a vida de um comissário de bordo?
Esta é uma pergunta que desperta muita curiosidade nas pessoas! Cada um é como cada qual, e a minha opinião acerca desta profissão pode divergir da opinião de alguns dos meus colegas, mas para mim ser comissário de bordo é uma experiência enriquecedora a nível cultural principalmente! Já foi considerada uma profissão glamorosa, mas nos dias que correm já não é tanto. Apesar de estarmos sempre rodeado de pessoas, é uma profissão extremamente solitária. Passo pouco tempo em casa, o que me faz sentir falta por vezes do meu cantinho. É morar no mundo, em quartos de hotéis, e passar de vez em quando por casa! Não tenho horários fixos, o que muitas vezes me leva a acordar às 2h da manhã, outras vezes as 14h da tarde e outras vezes passar a noite em claro a trabalhar. Ou seja, não consegues criar rotinas na tua vida. Quando estás de folga, a tua família e os teus amigos, as pessoas que te conhecem realmente bem e com quem te sentes bem, estão a trabalhar, uma vez que só temos folgas ao fim de semana, de 7 em 7 semanas! Por outro lado, acabas por conhecer muitas cidades, diferentes culturas o que torna esta profissão enriquecedora como referi anteriormente. Ser comissário é transformar o medo em tranquilidade, mostrar segurança ao desconhecido, receber o estranho como um velho amigo, irradiar sorrisos sem receber nada em troca. Também é ser psicólogo, enfermeiro é muitas vezes não ter natais e aniversários em casa tal como outras datas importantes... Mas acima de tudo, é ter muita paciência.
Estás sempre a viajar de um local para outro,
como é essa experiência?
É uma experiência engraçada, às 6h estás em Lisboa, às 9h em Paris, às 12h em Lisboa outra vez, e poderás jantar em Roma no mesmo dia ou noutra cidade qualquer! Mas também é possível partir 5 dias, saltando de país em país durante esses 5 dias sem nunca ter tirado roupa da mala para além do belo pijama. São as ditas "rotações do pijama" em que se voa 10 horas por dia e descansa-se 12h no hotel.
Qual o local mais bonito que já visitaste?
Esta é uma pergunta difícil, mas para os locais que voamos, diria talvez Roma. É uma cidade que te remete para os tempos dos gladiadores. É uma cidade carregada de história. Mas temos uma cidade lindíssima bem perto: Lisboa!
Como é o Tiago hoje em dia? Como te descreves?
Eu hoje em dia sinto que sou um Homem mais maduro, mais responsável, mais tranquilo, com objectivos de vida definidos. Sou mais paciente e tolerante.
Nos poucos tempos livres que tens o que gostas
de fazer?
Perguntas e bem, os poucos tempos que tenho livre são difíceis de gerir mas tento tratar de assuntos que ficam pendentes porque estou ausente e que só podem ser resolvidos com a nossa presença. Dou prioridade à minha família, seguem-se os amigos e quando sobra algum tempo, relaxo e descanso.
Quem são os teus ídolos?
Posso dizer que não tenho ídolos famosos! Os meus ídolos sem dúvida que são os meus pais e o meu irmão!
Em questões de família, como te vês daqui a uns
dez anos?
Sou um pouco convencional no que toca à família! Eu idealizo uma família grande, com 3 ou mais filhos. Idealizo a felicidade no seio da família que criei e farei crescer. Daqui a 10 anos possivelmente estarei casado já com 3 filhos. Seria o ideal, apesar da minha profissão não ser fácil de conciliar com a família. Mas com esforço e dedicação consegue-se tudo!
Quem te conhece diz que estás sempre com um
sorriso na cara, sempre bem-disposto, como se consegue isso?
ahahahah... Sim é verdade... Ou pelo menos também é o feedback que recebo das pessoas. Mesmo as que não me conhecem bem, mesmo dentro do avião as pessoas me dizem isso. Sou uma pessoa como todas as outras, também tenho os meus dias menos bons, mas as pessoas com quem nos cruzamos na rua não têm culpa disso, e sempre ouvi dizer que um sorriso pode salvar uma vida. Fico feliz por acordar e estar vivo! Logo aí, é meio caminho andado para ter um sorriso na cara. Depois, no dia à dia, tens situações em que um sorriso desbloqueia um possível problema. Mas acredita que me surge naturalmente, sem esforço! Muitas vezes com um sorriso consegues arrancar outro sorriso a um rosto mal disposto!
Pequeno-almoço em Paris, almoço no Rio de
Janeiro ou jantar no Mónaco?
Entre estas 3 opções, escolho o pequeno almoço em Paris. Talvez por todo o romantismo inerente a essa cidade!
Conta-nos a situação mais caricata que tenhas
vivido na Ereira com os teus amigos de infância.
ui ui ui... Tenho algumas! Mas há uma inesquecível, que se passou com o Pedro Martinho e o irmão.
Estávamos no armazém deles e o Vítor desafiou-nos para uma corrida de moto. Ele na altura tinha uma casal duas e eu uma casal quatro com a particularidade de andar a escape livre. Começámos a corrida e o Vitor distanciou-se logo no início, uma vez que ia sozinho e eu levava o Pedro. O Vitor decide meter-se por um carreiro onde andavam umas vacas a pastar presas com umas cordas pelos cornos. O Vitor passou bem pelas vacas, eu e o Pedro, que vínhamos na fantástica casal 4 a escape livre tivemos azar. Lembro-me do Pedro gritar várias vezes, "cuidado com a vaca!" Quando passámos, a vaca assustou-se com o barulho da mota e tentou fugir, esticando a corda na altura exacta em que passávamos. A corda prende por baixo do farol, e claro está fomos ao chão. Eu e o Pedro não nos magoámos. A mota ficou com o farol torcido e quando olhámos para a pobre da vaca, estava com um corno partido.
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